terça-feira, 2 de outubro de 2007

Vendendo pipoca

Enquanto o vento soprava, e a chuva dava o ar de suas graças, na noite de ontem, e o frio começava a aparecer, depois de um grande intervalo de dias, nesse mês, vi um garoto aqui da comunidade, que vi crescer, passando pela Via Seletiva. Quando me viu, com um sinal de positivo e um simplório sorriso, em sua face, cumprimentou-me. Talvez o sinal de positivo fosse em relação às suas vendas de pipoca, na Linha Vermelha. Espere! Na Linha Vermelha?? Sim, ele estava vendendo pipoca na Linha Vermelha. No início da garoa de ontem, no começo do frio, enquanto muitos estavam no 'requinte' do seu lar.

O garoto deve estar agora com quinze anos, mas, tão franzino e pequeno, quanto um garoto de doze. Essas são caracterísiticas e 'profissões' de muita gente aqui dentro, 'profissões' que para alguns nem tem o mesmo intuito, e o intuito desse garoto, não era comprar um tênis, um boné, uma camisa, presentear a namoradinha, e tampouco o início de sua 'independência'. Infelizmente, ele é mais um que caiu no sitema das ruas. Ele trabalha para sustentar os seus próprios vícios, a maconha, o loló, o pó...e vai continuar assim, porque não tem policiamento, não tem informação, a mãe é semi-analfabeta, o irmão, um pouco mais velho, já está no mesmo caminho, a irmã, os visitam de vez em quando, e o outro irmão, não aparece, e a outra irmã, com menos freqüência do que a outra, quase que raramente.

Mais um soldado com raiva, que vai se formando aos poucos, por conta da negligência e hipocrisia de muita gente. Enquanto ele vive essa ilusão, o mundo gira, e uma Lei vai sendo alterada pra pegar ele, e quando ele menos esperar, já vai estar com trinta anos, se arrependendo de tudo o que fez, procurando emprego, e dessa vez, vai ser pra sustentar a mamata de outras pessoas.
Será que vai ter emprego? Ele vai estar preparado para o mercado de trabalho? Bem, não sei. A única coisa que sei, é que do outro lado da moeda, a história seria extremamente diferente... e lá, a Lei não funciona como aqui, por quê?

Wil

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